segunda-feira, 30 de abril de 2007

*Ad Eternum*

Ontem, ao despertar, fui violentamente consumida por uma melancolia que chegava a me doer o peito. Sem entender o motivo, fiquei perdida em pensamentos e lembranças. Fiquei assim horas a fio e a impressão que tenho é que, durante esse período, o tempo simplesmente parou. Uma sensação de déjà vu insistia em tomar-me por inteira.

29 de abril...uma data que, há dezessete anos atrás, deixaria uma ferida que, até os dias de hoje, não cicatrizou. E acho que jamais irá cicatrizar. Vez em quando, ainda sinto uma pontada no peito e as lágrimas insistem em cair...

29 de abril de 1990...eu, até então com 9 anos, não fazia idéia de que, muitas vezes, a vida nos dá uma porrada que nos leva a nocaute...Primeiro dos muitos que ainda iria levar...lutar tem dessas coisas...a gente perde e a gente ganha. E nesse dia eu perdi pela primeira vez...perdi meu chão, perdi minha fé, perdi minha alegria de todos os domingos. Deparei-me com a verdade nua e crua de que, da noite para o dia, sem mais nem menos, sem qualquer explicação ou aviso prévio, as pessoas que amamos são arrancadas de nossas vidas e tornam-se invisíveis aos nossos olhos...

Ah, como dói a saudade! Muitas vezes, meu maior desejo foi tirar você dos meus sonhos, das fotografias maltratadas pelo tempo e trazer-te novamente para essa dimensão, para junto de mim...era tudo que eu mais queria...daria qualquer coisa para abraçar-te, beijar-lhe a face e sentar-me no seu colo naquela velha cadeira de balanço...só mais uma vez...e dizer-te que meu coração derrama-se em prantos por não ouvir mais a sua voz tão doce e serena.

Você deixou em mim uma lacuna enorme, que só será preenchida quando nos encontrarmos novamente. Às vezes, sonho com o momento em que estaremos juntas outra vez mesmo sabendo que ele ainda pode estar muito longe...Mas confesso que muitas vezes desejei que fosse breve, esquecendo-me que o amor permanece além do tempo e do espaço.

Ser forte como uma rocha não é uma de minhas maiores virtudes. Mas ser guerreira faz parte da minha história. Por tudo que passei e passo até os dias de hoje, apesar das dificuldades e das dores, consigo sempre me levantar do chão, respirar fundo e continuar meu caminho mesmo sem saber até aonde conseguirei chegar. É você que ilumina a estrada e me faz pegar um atalho para fugir dos trechos de penumbra que me paralisam e me fazem querer desistir da viagem. Mas chegou a hora de eu achar o atalho por mim mesma.

Tá bem, vovó... eu prometo que não irei mais andar a 200 km/h para encurtar o tempo da minha viagem, prometo prosseguir mesmo debaixo de fortes tempestades... que a deixarei livre para seguir seu trajeto que fica numa outra avenida. Mas um dia terei que pegar essa mesma avenida e quando esse dia chegar, estaremos juntas novamente.

Agora está na hora de eu seguir sozinha. O coração tá apertado, admito...despedidas são sempre difíceis e dolorosas, mas eu ficarei bem. Fique tranqüila! Te amo infinito...AD ETERNUM.

Um comentário:

Unknown disse...

Oie !
Texto profundo,gosto de textos assim...

beijão bonitinhaaaa
q seu fds seja lindo!
:)